40 REVISTA P. Recentemente, o FMI fez previsões muito negativas sobre a economia espa-nhola. Não sei se o Antonio é tão pessi-mista. A recuperação vai demorar mais do que o previsto? Em que bases acha que o relançamento da atividade deve assentar? R. É verdade que o FMI melhorou as previ-sões para o nosso ambiente, mas não para Espanha. Também é verdade que as suas projeções de crescimento para este ano são, por exemplo, um pouco mais pessimistas do que as que temos na CEOE. No entanto, acre-dito que, num cenário de tantas incertezas, as projeções podem mudar e o que nos resta é seguir em frente, continuar a trabalhar e tentar invocar todas essas projeções. Como? Nesse sentido, também concordamos com o FMI e o Banco de Espanha. Os estímu-los implementados devem ser mantidos pelo tempo necessário para sustentar o tecido produtivo e o consumo das famílias. Para manter a economia em movimento. E, basica-mente, é essencial que façamos um bom uso dos fundos europeus que referi anteriormen-te. Temos à nossa frente até 140 mil milhões de euros para recompor a economia. Quando digo recompor, não é apenas reanimá-la, mas também criar um modelo de produção mais industrial, mais digital e mais sustentável. Um modelo melhor, no qual a produtividade possa crescer e nos permita gerar mais e melhor emprego. Temos a possibilidade de nos levantarmos e sermos melhores. Por parte da CEOE, continuamos a trabalhar in-cansavelmente no Gabinete Técnico de Apoio a Projetos Europeus para tentar facilitar o acesso das empresas que possuírem projetos nessa linha a estes fundos. P. Nas suas últimas intervenções, consta-tei que está preocupado com a situação política, nomeadamente com a radicali-dade em que se encontram alguns res-ponsáveis. A nova liderança tem que ser sim ou sim mais moderada? R. Na verdade, creio que nos falta fazer ba-rulho e que a sociedade espanhola nos pede é que assumamos o comando com firmeza, centrados nos nossos objetivos e que tra-balhemos lado a lado. Isso implica deixar os extremos de lado e reduzir as tensões, atuar com moderação e construir, construir e cons-truir. Isso é algo em que todos nos devemos aplicar, porque todos fazemos parte da so-lução. Desde a classe política até ao cidadão comum e aos empresários. Há muito em jogo para continuar em disputa e tensão.